domingo, 24 de abril de 2011

O encontro de diferentes modos de vida

  Como já vimos, assim que os portugueses chegaram ao litoral das terras que hoje formam o Brasil, entraram em contato com povos indígenas que já viviam aqui e tinham costumes muito diferentes dos costumes europeus.
  Um exemplo dessas diferenças é o fato de que, enquanto os europeus, principalmente os cristãos, acreditavam em vários deuses.
  Os Tupi-Guarani, por exemplo, tinham o Sol e a Lua como deuses e chamavam-lhes Guaraci e Jaci, respectivamente. O raio e o trovão também eram uma divindade, conhecida como Tupã.

                                         É bom saber!


  [...] Uma corrente de historiadores hoje acredita que os europeus cometeram graves erros: não souberam lidar com as diferenças nem respeitar a cultura dos    nativos, começaram a impor aos indígenas a cultura europeia e a religião cristã obrigando-os a agir, pensar e vestir-se como os europeus.
 Além disso, os portugueses ainda quiseram escravizar os indígenas. Mas essa ideia não deu muito certo. Não aceitando as imposições de trabalho forçado e a nova cultura, muitos deles se revoltaram e lutaram contra os brancos. Aí muitos indígenas acabaram morrendo pela guerra e também pelas doenças que o branco transmitia- como a gripe, o sarampo e a coqueluche. (É que os indígenas não tinham resistência a essas doenças e morriam rapidamente.)
 Estudiosos acreditam que, na época em que os portugueses chegaram às terras que hoje formam o Brasil, o número de indígenas que existiam por aqui era de cerca de de 5 milhões - divididos em milhares de aldeias. Só que foram morrendo tantos, tantos, tantos... que hoje sobram apenas 345 mil indígenas, distribuídos em 215 comunidades, além dos cerca de 150 mil vivendo nas cidades.
 Nas diversas aldeias, a população varia muito. Existem grupos relativamente numerosos, como os Tikuna (20 mil), Guarani (30 mil), Kaingaing (20 mil), Yanomani (10 mil), e outros bem pequenos, como os Ava-Canoeiro, cuja população atual é de apenas 14 pessoas.
Os dados são da Funai, Fundação Nacional do Índio.




 Os diversos povos indígenas que aqui viviam tinham o hábito de dormir em em redes, andar nus ou quase nus e enfeitar-se com penas, dentes de animais e pinturas feitas com tintas extraídas de vegetais. Eles confeccionavam armas como o arco, a flecha, a lança, o tacape e a zarabatana. Alimentavam-se de carne de animais que caçavam e de peixe, frutas silvestres, milho, mandioca etc.
 Algumas populações indígenas atuais que vivem em terras demarcadas e preservadas conseguem manter parte de seus hábitos alimentares.
 Alguns de seus instrumentos musicais são o chocalho, a flauta e o tambor.
 As tarefas são dstribuídas entre os membros da aldeia. As mulheres cozinham, plantam e cuidam das crianças. Os homens caçam, pescam e defendem a aldeia. As meninas aprendem o trabalho das mães; os meninos, a manejar armas com os pais.
 O contato com os portugueses e, mais tarde, com outros povos não indígenas,
mudou os diversos estilos de vida desses povos. Hoje, por exemplo, em muitas comunidades , quando as populações indígenas têm terra para plantar, todos os membros da aldeia se envolvem com o plantio, e não mais só as mulheres, pois os homens perderam suas antigas funções de caçadores e protetores da aldeia. Todavia, ainda há alguns povos indígenas que mantêm hábitos tradicionais: constroem suas casas como seus antepassados, confeccionam suas armas, alimentam-se da mesma forma etc.


                        
                                       É bom saber!


 Na década de 1950, o antropólogo Darcy Ribeiro definiu o conceito de indígena  como sendo "todo indivíduo reconhecido como membro por uma comunidade pré-colombiana, que se identifica etnicamente diversa da nacional e é considerada indígena pela população brasileira com que está em contato."
Ou seja, o indivíduo se considera indígena e assim é considerado pelos outros.
 Desde o início da civilização portuguesa houve divergências quanto às línguas faladas, primeiramente no litoral onde estavam os jesuítas que se esforçaram para unificar a língua, de forma a servir à catequese. Foi quando o padre José de Anchieta elaborou a Gramática da língua geral, que acabou sendo extinta dos colégios por ocasião da expulsão dos jesuítas, em 1759. 
 Para os linguistas da atualidade, a estimativa é que na época em que os portugueses chegaram às terras que hoje são o Brasil havia cerca de 1,3 mil línguas diferentes. No início do século XIX esse número era de aproximadamente 180, pertencentes a mais de trinta famílias linguísticas diferentes. As línguas indígenas são agrupadas em famílias, classificadas como pertencentes aos tronco tupi, macro-jê e aruak, além daquelas ainda não identificadas. Até hoje muitos indígenas falam apenas sua língua, desconhecendo o português; outros falam o português apenas como segunda língua.     

Fonte : Livro Agora Eu Sei!!!